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Empresa tem mais R$ 2 bi para eólicas

Siif Énergies inaugura maior parque eólico do Brasil e anuncia novos investimentos

Convicta de que ventos favoráveis começam, finalmente, a soprar a favor da produção de energia eólica no Brasil, a Siif Énergies inaugura hoje sua terceira usina deste tipo no país, a terceira no Ceará, em evento que deve contar com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 Até meados de 2010, a empresa que tem como acionistas o Citigroup, Liberty Mutual e Black River pretende cortar a fita de outros dois empreendimentos, um Ceará e outro no Rio de Janeiro. Juntas, as cinco usinas terão capacidade instalada de 342 megawatts (MW), a um investimento de R$ 1,7 bilhão. A companhia, no entanto, já tem engatilhados projetos para gerar mais 400 MW, que representarão R$ 2 bilhões em investimentos.

 Apesar do grande potencial dos ventos brasileiros, a geração eólica ainda é discretíssima no país, representando ínfimo 0,1% da oferta total de energia em 2008. Com a inauguração do parque de Praia Formosa, no município de Camocim (CE), a capacidade nacional de geração eólica passará a ser de 547,6 MW.

 Mesmo com o volume ainda baixo, os participantes do setor, caso da Siif, já enxergam um cenário melhor. O otimismo está baseado, principalmente, no primeiro leilão exclusivo de energia eólica do Brasil, que será realizado pelo governo federal no dia 25 de novembro. Foram credenciados para a disputa 441 projetos, que juntos somam uma capacidade de 13.341 MW, volume quase duas vezes superior ao que será gerado nas duas hidrelétricas do rio Madeira (RO).

 É nesse leilão que a Siif Énergies pretende vender os 400 MW que irá gerar com os 25 novos parques eólicos que serão construídos no Ceará (230 MW), no Piauí (150 MW) e no Rio (20 MW). O diretor-presidente da companhia, Marcelo Picchi, lembrou que são necessários, em média, investimentos de R$ 5 milhões para se gerar 1 MW de energia eólica, o que totaliza os R$ 2 bilhões que deverão ser desembolsados nos novos projetos.

 Na avaliação do executivo, tirar grandes parques do papel pode ser um fator decisivo para encorajar a entrada de novos investidores no setor eólico. “É mais fácil entrar em um negócio que já tem grandes projetos em andamento”, disse Picchi. Depois da usina de Camocim, que custou R$ 500 milhões e tornou-se a maior do Brasil, a Siif planeja inaugurar em 2010 a unidade de Arraial do Cabo (RJ), que custará R$ 700 milhões para uma capacidade de 135 MW.

 O executivo explicou que todos os projetos da Siif no Nordeste contam com financiamentos do Banco do Nordeste e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que entram com 70% do valor total do projeto. Os 30% restantes ficam a cargo da própria empresa. 

Para o presidente da ABEEólica, entidade que reúne empresas do setor, Lauro Fiúza, todas as expectativas estão depositadas sobre o leilão de novembro. Segundo ele, a projeção de especialistas aponta para uma contratação efetiva de 2 mil MW a 3 mil MW, ou seja, entre 15% e 22% do total ofertado. Se isso ocorrer, o setor poderá atrair investimentos entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. 

Contudo, Fiúza chamou a atenção para a importância de o governo deixar clara a intenção de continuar realizando os leilões eólicos, com vistas a dar segurança aos investidores.

(Colaborou Josette Goulart)

(Valor Econômico, 10/9)

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