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Brasil ainda é o país com o maior índice de desmatamento do mundo

desmatamento-mundialSegundo o relatório Avaliação Global de Recursos Florestais 2010, divulgado no dia 25 de março pela FAO, a agência da ONU para agricultura e alimentação, houve uma redução na área média desmatada no mundo – fundamentalmente a conversão de florestas tropicais em terras para agricultura e pecuária -, de 16 milhões de hectares anuais durante a década de 1990, para 13 milhões de hectares anuais na década de 2000.

O Brasil apresentou uma redução na perda de florestas na última década – de 2,9 milhões de hectares anuais nos anos 1990 para 2,6 milhões nos anos 2000 -, mas permanece como o país com o maior desmatamento no mundo. A FAO observa que a perda líquida de florestas no mundo na última década foi reduzida ainda por conta de amplos programas de reflorestamento promovidos principalmente por China, Índia, Vietnã e Estados Unidos.

Na comparação com a década de 1990, houve uma redução de 37,3% no ritmo de perda de florestas no mundo na última década – de 8,3 milhões de hectares para 5,2 milhões de hectares.

Segundo o levantamento da FAO, há 4 bilhões de hectares de florestas no mundo, o equivalente a cerca de 31% de toda a área terrestre. Cinco países – Brasil, Rússia, Canadá, Estados Unidos e China – concentram mais de 50% de toda a área de florestas no mundo.

O relatório da ONU aponta a América do Sul como o continente com a maior perda de área de florestas na última década (4 milhões de hectares anuais), seguida da África, com 3,4 milhões de hectares de florestas perdidas por ano. A Oceania também registrou uma perda líquida, em consequência da grave seca na Austrália desde o ano 2000. No outro oposto, a Ásia registrou um ganho líquido de 2,2 milhões de hectares anuais de florestas na última década, graças aos programas de florestamento – plantação de árvores para o estabelecimento de uma floresta – na China, Índia e Vietnã, que aumentaram suas superfícies florestais em quase quatro milhões de hectares por ano. A China foi o país com o maior ganho de florestas na última década, segundo a FAO.

O Brasil, a Indonésia e a Austrália são apontados como os países com a maior perda líquida de florestas no mundo. Mas enquanto no Brasil e na Indonésia houve uma redução no desmatamento na última década, na Austrália houve um aumento, em consequência da seca e de grandes incêndios florestais nos últimos anos.

A FAO monitora a situação das florestas no mundo a cada 5 ou 10 anos desde 1946. O relatório deste ano, cujos dados completos devem ser divulgados somente em outubro, traz informações coletadas em 233 países e territórios do mundo.

“Pela primeira vez, nós detectamos que o ritmo de desmatamento caiu globalmente como o resultado de esforços coordenados tanto no nível local como no nível internacional”, afirma Eduardo Rojas, diretor-geral assistente do Departamento de Florestas da FAO. A organização observa, porém, que o desmatamento ainda é muito alto em vários países, e a área de florestas primárias continua a cair. Também destaca a importância que as florestas têm no combate ao problema das mudanças climáticas, por serem grandes depósitos de carbono. Por isso, os países precisam fortalecer os esforços de conservação e manejo das florestas”, disse Rojas.

Segundo o estudo, apenas 16% das florestas no mundo não tem plano de administração, o que demonstra a vontade política. “Os países não apenas melhoraram as políticas e legislação florestais, também estabeleceram bosques para uso de comunidades locais e povos indígenas, e para a conservação da diversidade biológica e outras funções ambientais. É uma mensagem de boas-vindas para 2010, Ano Internacional da Biodiversidade”, declarou Rojas.

De acordo com Mette Løyche Wilkie, coordenadora do relatório, o fato de os programas de reflorestamento da China, da Índia e do Vietnã estarem previstos para terminar em 2020 significa que há uma ameaça de que haja um novo aumento nas perdas de florestas no mundo se não houver novas intervenções para conter o desmatamento e para promover o reflorestamento.

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