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Construções econômicas e sustentáveis

Produtos para obras mais rápidas e a busca por edificações eficientes, que respeitem o meio ambiente e proporcionem conforto ao usuário, foram o foco da 17ª edição da Feira Internacional da Indústria da Construção Civil, a Feicon

O telhado invertido da Casa Acqua possibilita o acúmulo da água da chuva que pode ser reaproveitada para lavar calçadas, por exemplo
O telhado invertido da Casa Acqua possibilita o acúmulo da água da chuva que pode ser reaproveitada para lavar calçadas, por exemplo

São Paulo – A 17ª edição da maior feira da construção civil da América Latina, a Feira Internacional da Indústria da Construção Civil (Feicon Batimat), que movimentou o Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, ao longo dessa semana, centrou seus esforços em produtos que barateiam obras e fazem economia de recursos naturais, como água e luz, ajudando também o bolso do consumidor final.

A Feicon 2009 trouxe cerca de dois mil lançamentos em produtos de todos os tipos, de fios elétricos a metais sanitários – grande parte com foco na sustentabilidade, palavra que tem significado complexo, mas pode ser resumida em um conjunto de ações que minimizam o impacto ambiental e o uso de recursos naturais. Produtos de alto desempenho e com recursos inovadores, como uma ducha que, além de cromoterapia, tem sistema de som e aromatização, também fizeram sucesso.

Ao todo, foram 650 expositores de 21 países – 23 empresas do Paraná. O volume de negócios ainda não foi estimado, mas a julgar pelos números do ano passado (mais de R$ 400 milhões) serão altos.

No primeiro dia do evento, na última terça-feira, o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, abriu a feira falando da “importância do setor para a economia do país, como locomotiva do desenvolvimento brasileiro, principalmente em tempos de crise”. O prefeito parabenizou os organizadores e participantes da feira pela preocupação com o bolso do brasileiro. Esse pensamento esteve presente em muitos produtos e, em especial, em uma casa que foi a sensação da Feicon e foi motivo de interesse do secretário estadual de Habitação de São Paulo, Lair Krähenbühl, durante uma visita monitorada, para um estudo mais apurado para a construção de residências populares: a Casa Acqua.

Ecologicamente correta

A Casa Acqua é uma edificação conceito com 100 metros quadrados, sete cômodos e dois andares e foi construída no pavilhão da Feicon em 15 dias com uma série de produtos e técnicas sustentáveis que consideraram as condições climáticas da capital paulista como base. O projeto, uma ação conjunta da Missão Econômica da França no Brasil, da Fundação Vanzolini e da Reed Exhibitions Alcântara Machado (organizadora da Feicon), é do arquiteto Rodrigo Mindlin Loeb e a execução da obra da Inovatech Engenharia. A construção da obra seguiu os critérios do Referencial Técnico de Certificação da Construção Sustentável – Processo Acqua (Alta Qualidade Ambiental), programa de certificação inspirado no sistema francês HQE (Haute Qualité Environnementale) e adaptado pela Fundação Vanzolini à realidade climática e econômica brasileira.

O sistema foi desenvolvido por professores do departamento de Engenharia de Construção Civil da USP, pela Inovatech Engenharia e outros pesquisadores a partir da cooperação do Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) – instituto francês que é referência mundial em pesquisas da construção civil.

Construída com a frente voltada para a face norte, a Casa Acqua recebe a luz do sol o dia todo, porém com um anteparo (uma pequena parede atravessada na janela) que, embora deixe passar a claridade, não permite a incidência direta dos raios solares no interior do imóvel, o que colabora para o conforto térmico. Tijolos de solo cimento (mistura de argila e cimento que não exige queima), placas de OSB (aglomerado) de reflorestamento e madeira certificada cobertas por embalagens longa vida recicladas completam o visual “natureba” da casa, que ainda tem outro detalhe chamativo: um telhado invertido.

“A inclinação para dentro do telhado (feito com fibra de celulose reciclada impermeabilizada com betume e protegida com resina) permite um acúmulo maior de água da chuva para o sistema de reaproveitamento (para tarefas que não exigem água potável, como lavar a calçada). Além de colaborar com o conforto térmico da edificação, já que não fica em contato direto com o forro, criando um “bolsão de ar” que diminui a influência climática externa na ambientação interna da casa, deixando a temperatura agradável”, explica o coordenador da Casa Acqua pela Inovatech Engenharia, Luiz Henrique Ferreira.

O piso da casa é elevado alguns centímetros do chão para facilitar a manutenção da residência. “Quando preciso basta levantar algumas das placas de madeira e trocar qualquer encanamento ou rede elétrica danificada. O piso elevado facilita a obra como um todo e a manutenção da casa depois. Em caso de qualquer defeito basta levantar algumas placas de madeira do piso, sem a necessidade daquela quebradeira de alvenaria e desperdício de material de construção”, exemplifica Ferreira.

Outros produtos como torneiras e válvulas de descarga econômicas, divisórias de dry-wall (gesso acartonado) para deixar os ambientes acusticamente agradáveis e iluminação planejada e automatizada, que evita desperdício de energia elétrica, são algumas das várias características que fazem da Casa Acqua um modelo prático e com bom custo-benefício (entre R$ 1.200 e R$ 1.600 o metro quadrado) de moradia brasileira.

Entre os fornecedores que ajudaram a construir a edificação conceito está a Leroy Merlin, a Mobix (medidores individuais de água e gás), a HP Pisos Elevados e Onduline do Brasil (telhado de celulose) e os grupos Lafarge (dry-wall) e Legrand (iluminação automatizada).

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