IPEVS

Crise financeira não afetará certificação

“O FSC nunca cresceu tanto como agora”.  Foi essa a conclusão do presidente do conselho internacional da certificação, o FSC (sigla para Forest Stewardship Council), Roberto Waack, durante o seminário “A certificação ambiental resiste à crise?”, realizado na quinta-feira (16) pelo Núcleo de Economia Socioambiental da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.

Segundo Waack, apesar do momento de crise, a questão da certificação se consolidou.  “Nos últimos tempos, temos a participação de países que historicamente não valorizavam as políticas socioambientais, como é o caso da China, que hoje está entre os sete principais países com maior cadeia de custódia do FSC”, argumentou.

Só em 2008, o número de selos concedidos pelo FSC aumentou 57%.  Atualmente, há 953 certificações do FSC em 83 países do mundo.  O Brasil, com 5.479.531 hectares de floresta certificada, está na lista dos principais países que possuem o selo.  “Porém, para o país que é o maior produtor florestal do mundo, sua participação está muito aquém do esperado”, diz Waack.  Agora, o principal desafio, segundo ele, é fazer com que a produção de produtos certificados se equipare às demandas.

Além do presidente do conselho do FSC, participaram do seminário o economista e consultor americano Michael Conroy, e os professores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Sylvia Saes e Ricardo Abramovay.

Coroy também acredita que a certificação tende a crescer.  De acordo com o economista, a imagem das empresas atrelada a questões socioambientais é, para elas, muito mais importante do que “conter” gastos com a crise.  “Em uma pesquisa, viu-se que as empresas que possuem certificação sofreram muito menos do que outras empresas”.

O economista, que é autor de um extenso estudo sobre o assunto, também disse que os cidadãos que vivem nos países desenvolvidos já vêem a importância de se consumir produtos certificados.  “Um estudo da GlobScam mostra que 9 entre 10 norte-americanos se preocupam com as condições sociais e ambientais envolvidas durante a fabricação dos produtos”.

Comunicação – Para Sylvia Saes, o grande desafio dos selos é a sua divulgação.  “O cidadão acaba não entendendo o que eles significam.  Falta uma melhor comunicação”, disse ela.

Para Waak, essa confusão sobre a certificação tende a piorar com a multiplicação dos selos.  “A cada dia aparecem mais selos no mercado e haverá ainda mais confusão sobre seu significado, importância e credibilidade.  Por isso, acredito que num futuro próximo haverá algum órgão regulamentador e só ficarão no mercado os selos com credibilidade”.

Coroy conta que para saber se a certificação mostra credibilidade ou não o cidadão tem que saber quem está por trás da iniciativa.  “É preciso ver quem é o responsável pela certificação”.

FSC – Até hoje, a única forma de certificação florestal com credibilidade internacional é a do Conselho de Manejo Florestal, o FSC (Forest Stewardship Council, em inglês).  O FSC é uma organização internacional independente, sem fins lucrativos, fundada em 1993 e sediada em Bonn, na Alemanha.

Definidos pelo FSC internacional, os princípios e critérios visam atestar que o manejo da floresta aconteceu de maneira ambientalmente apropriada, socialmente justa e economicamente viável.  Todos eles foram debatidos em suas câmaras ambiental, econômica e social e servem como normas primárias que regem a atuação do selo ao redor do globo.  Alguns desses padrões foram adaptados à realidade brasileira por conta das particularidades e especificidades encontradas no país. (Fonte: Thais Iervolino/ Amazônia.org)

Deixe um comentário