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Espécies exóticas invasoras geram grande perda na biodiversidade

Cruzamento entre espécies nativas e exóticas leva à formação de populações com capacidade de reprodução reduzida, levando à extinção

Globo ecologia: espécies invasoras (Foto: Divulgação)
Sagui se alimenta de biscoito dado por pessoas: este ato só aumenta a população de invasores, que arrumam outra fonte de alimentação e se reproduz, em detrimento das espécies nativas (Foto: Divulgação)

A chegada de espécies em lugares que não são o seu habitat natural pode causar um grande impacto ambiental. As chamadas espécies exóticas são aquelas que são levadas por seres humanos de um lugar a outro, ou por acaso (por exemplo, em água de lastro de navio, em plataforma de petróleo, ou sementes que ficam em pneus de carro) ou propositalmente (quando o homem retira um animal ou uma planta de um lugar e leva para outro que não o de sua origem). Algumas sobrevivem no novo ambiente, outras não. As espécies que conseguem se reproduzir no novo habitat podem gerar um grande desequilíbrio naquele bioma.

Embora não existam estimativas precisas do quanto se perde de biodiversidade com a introdução de espécies invasoras, sabe-se que estes números são alarmantes. Segundo o professor adjunto do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) André Felippe Nunes-Freitas os efeitos são os mais variados, indo desde a simplificação de comunidades ecológicas causada pela extinção de espécies mais suscetíveis, como, por exemplo, espécies com populações muito pequenas ou especialistas na utilização de um determinado recurso, até alterações no funcionamento dos ecossistemas, como modificações nos ciclos de nutrientes, disponibilidade de luz e aumento da incidência de fogo. “Todos esses impactos têm como pano de fundo as perdas ou modificações das interações entre as espécies dentro das cadeias alimentares. Outro fator preocupante é a hibridização, ou seja, o cruzamento entre espécies nativas e exóticas que são pertencentes ao mesmo gênero. Isso leva a formação de populações cuja capacidade reprodutiva pode ser reduzida, levando as nativas à extinção. Um exemplo disso é o cruzamento entre o sagüi da Mata Atlântica do Rio de Janeiro, o sagüi da serra escuro e o sagüi introduzido, que é da Mata Atlântica do Nordeste, que vêm sofrendo hibridização. Acredita-se que o primeiro possa ser levado a extinção devido a esse processo”, explica.

André Freitas conta que há estimativas realizadas para o Brasil e para o mundo que sugerem que os prejuízos causados pela introdução de espécies exóticas invasoras podem variar de U$ 20 bilhões a U$ 300 bilhões, sem contar com os prejuízos que não são mensuráveis. “Quando analisamos a perda de diversidade biológica causada pela introdução de espécies exóticas, esses valores podem ser ainda maiores, especialmente por ainda estarmos desenvolvendo mecanismos de valoração da diversidade biológica”, detalha.

A perda de diversidade biológica e, consequentemente, de patrimônio genético da nação, e os prejuízos econômicos e ambientais gerados por essas perdas são os dois fatores que mais preocupam o professor.

Segundo ele, algumas ações têm sido feitas para diminuir os riscos da perda de biodiversidade. Em termos práticos, elas ainda são pontuais no Brasil, mas têm crescido nos últimos anos. “O Parque Nacional da Tijuca (RJ) vem manejando as jaqueiras, e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ), também faz o manejo do lírio-do-brejo, do beijinho e de alguns bambus invasores. No entanto, ainda precisamos de estudos mais aprofundados e monitoramentos de médio e longo prazo para avaliar se as ações de manejo, controle e erradicação estão sendo eficientes, e esses têm que ser realizados para cada caso, ou seja, para cada espécie”, diz.

Fonte: Globo Ecologia

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