O Paraná foi o primeiro estado brasileiro a desenvolver um programa para controle e regulamentação da retirada de espécies exóticas invasoras, como forma de proteção da biodiversidade nativa e silvestre. As espécies trazidas de fora do país – chamadas espécies exóticas – são consideradas por organizações internacionais como a segunda maior causa de perda da biodiversidade no planeta.
“Elas dominam o espaço das espécies nativas, diminuindo a multiplicidade da flora e também da fauna”, disse o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jorge Augusto Callado Afonso. O trabalho começou em 2005, com uma portaria do IAP, que permite a extração das espécies exóticas de Unidades de Conservação.
O Paraná foi o primeiro estado brasileiro a publicar uma lista com 57 espécies de plantas e 26 de animais considerados exóticos aos ecossistemas paranaenses. A portaria número 95, que reconhece oficialmente a lista, também aponta os tipos de plantios comerciais de espécies exóticas que devem adotar medidas preventivas de controle para que não se transformem em vegetação invasora.
“Hoje estas iniciativas são referências em toda América Latina”, afirma o diretor de Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente, João Batista Campos, que coordenou o estudo pelo Instituto Ambiental do Paraná. Por meio da página do IAP na internet é possível ver a lista atualizada das espécies exóticas invasoras para o Paraná.
“Muitas pessoas não fazem idéia do quanto espécies exóticas comprometem a biodiversidade no Paraná. O papel dos órgãos ambientais é reforçar as iniciativas para proteção da biodiversidade nativa do nosso Estado”, disse o presidente do IAP, Volnei Bisognin.
Monitoramento – segundo a coordenadora do Programa de Espécies Invasoras para a América do Sul da organização não-governamental “The Nature Conservancy” e fundadora do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, engenheira florestal Silvia Ziller, o Paraná é o estado mais avançado da América Latina na erradicação de espécies exóticas invasoras.
“O Paraná é o estado brasileiro mais avançado em termos legais e no estabelecimento de procedimentos técnicos para a erradicação de espécies invasoras. Além disso, estamos orientando Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul a adotarem medidas semelhantes com base no Programa paranaense”, disse Sílvia Ziller.
Exemplos – especialistas do mundo têm visitado o Parque Estadual de Vila Velha para conhecer a ação pioneira do IAP na erradicação de pinus – espécie exótica que ameaça as características naturais da área. No ano de 2009, em apenas 70 dias de trabalho foram retiradas quase 500 mil árvores.
O objetivo da erradicação é devolver aos parques suas características naturais. “Queremos que a natureza seja o mais próxima possível do que era quando o parque foi criado, quando a vegetação predominante era o campo”, afirma a diretora de Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP, Márcia Pires Tussolino. A ação inclui a orientação dos produtores rurais da região e o monitoramento contínuo para evitar novas contaminações.
Outro bom exemplo é a parceria entre o IAP, Ibama e uma multinacional norueguesa que está resultando no maior programa de erradicação de espécies exóticas do Brasil em área de Mata Atlântica. Com orientação e apoio dos órgãos ambientais, a empresa irá recuperar uma área de 1.300 hectares de Mata Atlântica na Serra do Mar, no Litoral do Paraná.
O projeto Serra Nativa é desenvolvido na propriedade Fazenda Arraial, no município de Morretes. A fazenda integra uma Área de Preservação Permanente e faz divisa com a Área de Preservação Ambiental de Guaratuba, o Parque Estadual do Marumbi e o Parque Estadual do Pau Oco. A segunda fase do projeto, que inclui o monitoramento da área, para evitar que as exóticas se reconstituam, terá seis anos de duração.