IPEVS

Floresta Estadual do Palmito abriga mais de dez espécies de aves consideradas ameaçadas de extinção nacionalmente

As Unidades de Conservação representam umas das principais contribuições para a manutenção e conservação da biodiversidade de uma região. A Floresta Estadual do Palmito, localizada em Paranaguá e que possui 530 hectares recobertos por Floresta Atlântica de baixada, restingas e manguezais, atua hoje como abrigo para diversas espécies da fauna e da flora.

Desde abril de 2001 o biólogo e Professor do Curso de Biologia da PUCPR Eduardo Carrano estuda a avifauna da Floresta Estadual do Palmito. A pesquisa de Carrano pode ser considerada o mais longa com fauna em Unidades de Conservação Estaduais, de acordo com levantamento do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Até o momento, ele registrou mais de 260 espécies de aves e colocou anéis metálicos em mais de 3 mil exemplares de pássaros (pertencentes a 104 destas espécies) os quais vem sendo monitorados mensalmente.

Algumas espécies observadas estão listadas como ameaçadas de extinção em nível mundial, nacional e estadual, entre elas: o gavião-pombo-pequeno (Leucopternis lacernulatus), a pararu-espelho (Claravis godefrida), o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), a maria-da-restinga (Phylloscartes kronei), o sabiá-pimenta (Carpornis melanocephala), a cigarra-verdadeira (Sporophila falcirostris) e o pixoxó (Sporophila frontalis).

A área foi escolhida pelo pesquisador por se tratar de um remanescente de floresta de baixada (terras baixas) e ao lado da Estação Ecológica do Guaraguaçu, ambas apresentam grande relevância como refúgio de fauna na região, principalmente das espécies que preferencialmente vivem em altitudes menores. “Esta área possui uma importância imensurável para proteção da fauna nativa, demonstrando o valor de uma área de floresta, mesmo que de pequena dimensão”, afirma Carrano. 

A criação de Unidades de Conservação é uma estratégia importante para a proteção da biodiversidade e para resguardar amostras significativas desses sistemas naturais característicos do estado”, disse o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jorge Augusto Callado Afonso. Para o secretário, as pesquisas científicas nos últimos anos colaboraram para conservação e manutenção de algumas áreas protegidas, especialmente para o monitoramento da fauna local.

LISTA VERMELHA – o pesquisador coordena a revisão da Lista Vermelha das Aves ameaçadas de extinção no Paraná, que deverá ser concluída e publicada pelo IAP até o fim de junho, apresentando um número maior de aves estudadas. Esta lista é fundamental para a adoção de medidas para conservação de aves no Estado do Paraná, servindo também como auxílio para outras listas estaduais e também para a lista nacional.

A primeira Lista das Espécies Ameaçadas no Paraná foi publicada em 1995, revisada pela primeira vez em 2004, tendo a sua segunda revisão iniciada em 2009. Na última versão 167 espécies de aves foram estudadas e entre as que corriam o risco de extinção, o gavião-real (Harpia harpyja), o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) e o guará (Eudocimus ruber). Diferentemente de outras listas de vertebrados, como anfíbios e mamíferos, a lista de aves conta com um número de 800 espécies que nessecitam ser avaliadas

O guará  considerado extinto no estado desde 1977, deverá sair da lista de espécies ameaçadas, pois a partir do ano de 2006, a espécie voltou a ser observada em algumas áreas no litoral do estado, sendo que, provavelmente, estes indivíduos sejam originários dos ninhais monitorados no Estado de São Paulo e também, além das grandes extensões e grau de conservação dos manguezais paranaenses”, afirma Carrano.

PERDA – atualmente a perda de habitat é considerada a maior causa de redução da biodiversidade no planeta, de acordo com pesquisas de entidades nacionais e internacionais. “A extinção de um habitat natural para os animais representa a perda do local onde ele se alimenta, onde tem abrigo e onde se reproduz e é a maior causa de redução da biodiversidade”, diz Carrano.

As espécies exóticas invasoras aparecem na segunda colocação. Dados da diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP (Dibap), confirmam que muitos animais que não pertencem à nossa fauna são trazidos ao Paraná e frequentemente são abandonados, escapam ou fogem, competindo diretamente com as espécies nativas por alimento e espaço.  

O gerente da Floresta do Palmito, Aneuri Moreira Lima, diz que as Unidades de Conservação prestam um serviço a mais para natureza e a para proteção da biodiversidade. “Elas representam uma fração de determinado tipo de bioma”, destaca.  

O trabalho dos pesquisadores, aliado a participação da comunidade que vive no entorno das unidades contribui para a manutenção do Parque e proporciona um equilíbrio científico e social. “Damos suporte à pesquisa e paralelamente mantemos um trabalho de educação ambiental com a comunidade mostrando que a proteção da floresta trará benefícios para suas famílias”, afirma Aneuri.

O Paraná  possui 66 unidades de conservação das quais 43 são unidades de conservação de Proteção Integral e 23 unidades de conservação de Uso Sustentável, que somam 1.844.171,62 milhões de hectares, representando 9,16% do território paranaense. 

Deixe um comentário