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Morcego voa à noite para não superaquecer

Experimento mostrou que animal também gasta energia demais quando viaja de dia.

Os morcegos e a escuridão da noite parecem ter sido feitos um para o outro, mas as razões biológicas desse casamento ainda não estavam claras. Para cientistas alemães, trata-se de um simples caso de equilíbrio energético. 

Cristian Voigt e Daniel Lewanzik, do Instituto Leibniz de Pesquisa Zoológica e da Universidade Livre de Berlim, respectivamente, afirmam que os mamíferos voadores preferem bater asas depois do crepúsculo porque esquentariam demais debaixo da luz solar. 

Eles chegaram a essa conclusão depois de experimentos com o morcego Carollia perspicillata, espécie comum em vários países da América do Sul e Central, inclusive no Brasil. Basicamente, o que fizeram foi observar o metabolismo do bicho durante vôos curtos durante o dia e à noite. 

Verificaram que, nas viagens diurnas, os bichos ficavam com a temperatura corporal 2°C mais elevada. Além disso, produziam 15% mais gás carbônico durante a respiração -sinal de que estavam gastando mais energia.

 O vôo noturno ou crepuscular, portanto, seria um jeito de evitar que o organismo dos bichos entrasse em pane. É que, por terem asas membranosas e escuras, os morcegos absorvem quantidade considerável de luz solar, o que facilitaria seu superaquecimento de dia. 

É verdade que existem exceções a essa regra. Mas esses morcegos diurnos são, em geral, membros de espécies grandalhonas, que têm mais facilidade para adotar um estilo de vôo planado, sem bater muito as asas. 

Com isso, são capazes de economizar energia e correm menos risco de acabar superaquecendo.

(Reinaldo José Lopes)

(Folha de SP, 5/1)

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