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Especialistas consideram como falso estudo sobre mudanças climáticas

Segundo o trabalho, a temperatura do planeta poderia aumentar 2,4 graus centígrados até 2020

Um recente estudo sobre as mudanças climáticas feito por uma organização com sede na Argentina, que projetava um aumento de temperatura de 2,4º C e uma escassez alimentar mundial generalizada na próxima década, tem erros importantes, disseram cientistas nesta quarta-feira (19/1).

O trabalho foi publicado no EurekAlert, um serviço independente para jornalistas criado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês) e foi divulgado por várias agências internacionais de notícias, entre elas a AFP. A AAAS, todavia, tirou o estudo de sua página, quando um grupo de especialistas apontou erros em seu enfoque.

Segundo o estudo, publicado na terça-feira, a temperatura do planeta poderia aumentar 2,4 graus centígrados até 2020. Com esta perspectiva, a combinação do impacto das mudanças climáticas na produção agrícola e do crescimento da população mundial, que chegará aos 7,8 bilhões de indivíduos até 2020, levaria a colheitas insuficientes.

Nesse cenário, a produção mundial de trigo sofreria um déficit de 14% com relação à demanda dentro de 10 anos, enquanto “a produção global de trigo, arroz, milho e soja (cairia) entre 2,5% e 5%” na América Latina, destacou o informe.

No entanto, um jornalista do The Guardian alertou a AAAS Ginger Pinholster sobre dúvidas relativas à matéria. “Imediatamente contatamos um especialista em mudanças climáticas, que confirmou que a informação também lhe provocava dúvidas. Rapidamente tiramos o informe do nosso site na internet e contatamos a organização que nos enviou”, disse a porta-voz da AAAS em uma mensagem eletrônica à AFP.

O climatologista Rey Weymann disse à AFP que “o estudo contém um erro importante, dado que confunde o aumento do ‘equilíbrio’ da temperatura com o ‘aumento da temperatura transitória'”.

O cientista Osvaldo Canziani, que fez parte do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), aparece como assessor científico do estudo. O IPCC, cujas cifras foram citadas como base para as projeções deste trabalho, ganhou juntamente com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, o prêmio Nobel da Paz em 2007 por seu esforço de divulgação sobre os riscos das mudanças climáticas.

O porta-voz de Canziani disse na terça-feira que o cientista estava doente e não podia dar entrevistas.

Fonte: AFP Terra, 19/1

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