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Avanço do Cerrado é tema de discussão na Reunião Regional da SBPC

Apesar do crescimento econômico do Cerrado nas últimas décadas, a sustentabilidade do bioma ainda é um ponto de interrogação para especialistas e acadêmicos que participaram ontem (5) de mesa-redonda em Catalão (GO).

Participaram do debate o professor de geografia Marcelo Mendonça da UFG, José Felipe Ribeiro, pesquisador da Embrapa Cerrado; e Marcelo Lessa, biólogo e perito judicial ambiental da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).

 

Em uma tentativa de auxiliar o produtor rural a praticar ações de sustentabilidade em suas propriedades rurais, Ribeiro informou que a Embrapa elabora um banco de dados eletrônico para orientar o setor a implementar tecnologias sustentáveis no campo.

 

Segundo ele, há uma forte demanda rural por informações e poucos pesquisadores disponíveis para fornecer dados que atendam a interesses de agricultores. Existem 5,2 milhões de propriedades rurais diante de um contingente de 5 mil pesquisadores distribuídos pelo Brasil.

 

Ao apresentar dados sobre o Cerrado, Ribeiro afirmou que a maioria dos municípios apresenta baixos índices de qualidade de vida e 2,4 milhões de “cerradeiros” (9,4% do total) ainda vivem abaixo da linha de pobreza, apesar de ser uma região rica em recursos naturais e exportadora de grãos. Além disso, a degradação do bioma ainda é elevada.

 

Divergência – Para o professor Mendonça, o crescimento econômico do Cerrado “tem se dado a qualquer preço”, sem preocupações com o meio-ambiente.

 

“A situação na região é preocupante, o Cerrado é visto como um Eldorado financeiro. Há muito discurso de preservação do bioma, mas isso não se confirma”, disse. Segundo ele, apenas 4% das áreas do bioma são preservadas, ao contrário do percentual apresentado pelo representante da Faeg, de 5,1% do total.

 

Lessa mostrou que o crescimento da agricultura na região foi puxado pela implementação de tecnologias que alavancaram a produtividade de grãos. Ele criticou o fato de o Código Florestal não abordar a zona urbana que, segundo ele, “contribui muito” para a poluição ambiental.

 

Ribeiro reconhece o conflito existente entre ruralistas e ambientalistas. Nesse caso, disse que o governo “tem de sentar” com as duas lideranças para buscar consenso. “Temos de buscar entendimento, porque a espécie humana vive no mesmo lugar (no planeta Terra)”.

Fonte: Viviane Monteiro – Jornal da Ciência

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