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Extinção de espécies está superestimada, diz estudo

As taxas de extinção de espécies por perda de habitat, calculadas do mesmo modo há 25 anos, estão superestimadas em até 160%, alerta estudo divulgado nesta quarta-feira (18). No entanto, os cientistas responsáveis pela pesquisa alertam que, mesmo superestimados, os índices são preocupantes e eles não descartam a possibilidade de uma extinção em massa.

Para calcular as taxas de extinção, cientistas e conservacionistas têm usado um método indireto chamado “relação espécie-área”. Este método calcula, inicialmente, o número de espécies encontradas em uma determinada área e, em seguida, as estimativas quanto ao aumento deste número à medida que a área se expande.

Usando essa informação, cientistas e conservacionistas invertem os cálculos e tentam estimar quantas espécies se perderiam quando a quantidade de terra diminuísse devido ao desmatamento ou avanço de cidades. “A estimativa pode ser 160% maior que a real. O que significa que o método anterior deveria ser dividido por 2,5”, afirmou Fangliang He, professor da Universidade Chinesa de Sun Yat-sem e da Universidade de Alberta, no Canadá, em sua pesquisa publicada pelo periódico científico Nature.

Erro de cálculo em um problema grave – O erro, de acordo com o estudo, está no conceito, pois a área necessária para remover o último indivíduo de uma espécie (o que qualifica como extinção) é quase sempre muito maior do que a área necessária para encontrar o primeiro indivíduo de uma espécie, independentemente da distribuição das espécies e escala espacial.

O problema, segundo Stephen Hubbel, da Universidade da Califórnia e co-autor do estudo, é que o número de espécies é somado um a um, conforme se encontra um primeiro indivíduo de uma nova espécie em uma determinada área. Mas quando a espécie é perdida, é necessário contabilizar todos os indivíduos dela presentes naquela área – uma conta completamente diferente, mas que até agora, não estava sendo feita da maneira adequada.

A regra clássica da “relação espécie-área” afirma que se a área de habitat é reduzida em 90% (equivalente à perda de habitat real em muitas regiões), aproximadamente metade de suas espécies será perdida. Estudos que utilizaram este método previam a perda de 50% de todas as espécies até o ano de 2000, o que não foi cumprido. “Nada disso ocorreu. Por quê? Pois estas estimativas não estão corretas. Estes números são muito questionáveis, pois o conceito não é apropriado, o que explica esta superestimativa”, disse Fangliang He.

He afirma que por anos se sabia que as taxas estavam superestimadas, mas não se sabia o motivo. “Criou-se o termo ‘guesstimate’. Isto não é muito cientifico. O que mostramos aqui é que o método anterior não é o exatamente certo, ele é basicamente defeituoso. Provamos matematicamente de onde esta superestimativa vem”, disse.

No entanto, Hubbel e He destacam que a pesquisa não nega a existência de taxas de extinção preocupantes e que há uma extinção em massa contínua de espécies, mesmo que o método usado para medi-la não seja apropriado.

“No entanto, a próxima extinção em massa pode ser em cima de nós, ou mesmo ao virar da esquina. Foram cinco extinções em massa na história da Terra, e nós poderíamos estar entrando a sexta extinção em massa”, disse Hubbel.

Os períodos de extinção em massa foram provocados por mudanças no clima e na química atmosférica do planeta, impactos de meteoros e vulcanismo. De acordo com cientistas, a sexta extinção em massa que está porvir é um resultado da interação e competição das espécies com os humanos.

Fonte: Maria Fernanda Ziegler/ Portal iG

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