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Macaco atrapalha pesquisa em Goiás

Animais vão ao campus atrás de comida

João Domingos escreve para “O Estado de SP”:

Mais de 50 macacos-prego (Cebus libidinosus) têm atrapalhado a vida de professores, alunos e donos de lanchonetes do câmpus da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia. De acordo com relatos, eles chegam a fazer “arrastões” para tomar o lanche das pessoas, quebram vidros e invadem laboratórios atrás de comida. Chegaram até a levar sementes de plantas raras da Serra Dourada, como o papiro, que o professor Sérgio Sibov, do Departamento de Biologia, levou anos para coletar.

“Para trabalhar em paz, teremos de construir grades do lado interno do laboratório, porque não dá para passar o dia trancados”, disse Mariana Teles, professora de genética e biodiversidade. “Se houver fresta na janela, eles entram. E criam uma situação perigosa para nós, porque às vezes atacam, e para eles, pois trabalhamos com produtos químicos.”

Por causa da superpopulação de macacos, a reitoria decidiu iniciar um projeto para melhorar a convivência. A primeira providência foi iniciar uma campanha de educação ambiental para que ninguém dê comida aos macacos.

“O problema é que por anos os alunos levaram comida para eles. Isso fez com que passassem a ter atitudes atípicas e deixassem de procurar comida natural”, disse Leo Caetano, responsável pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ele está trabalhando em conjunto com a UFG para solucionar o problema. “Estamos pensando em fazer vasectomia nos machos dominadores como forma de conter o crescimento populacional dos macacos.”

O professor Fabiano Rodrigues explicou que o câmpus fica em uma área com cerca de 50 hectares de matas remanescentes, onde viviam os macacos. Com a chegada dos humanos, os dois lados começaram a se aproximar, principalmente por causa da distribuição de comida pelos alunos.

O bando de macacos passou a ter 50 integrantes, quando o normal é andarem em turmas de 10 a 25 indivíduos. Também não ficam sob o comando de um macho dominante, mas de vários.

Outros problemas

A superpopulação de macacos em Goiânia também ocorre em três parques na área urbana: Bosque Bougainville, Jardim Botânico e Parque Areião.

Nos remanescentes de mata, vivem cerca de 160 macacos-prego. “Esses parques são ilhas verdes em áreas urbanas e têm área limitada”, disse Marize Moreira, gerente de Proteção e Manejo da Fauna Silvestre da Agência Municipal do Meio Ambiente.

Ela afirmou que a causa do problema nos parques é o mesmo da universidade: pessoas que dão comida aos animais.
(O Estado de SP, 14/7)

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