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Borboletas inglesas evoluíram para fugir do aquecimento global, diz pesquisa

Espécie de borboleta que vivia apenas no sul do Reino Unido migrou para o norte, mais frio. Pesquisa identificou mudanças genéticas em grupos migrantes

Borboletas inglesas estão migrando para o norte do país para fugir das mudanças climáticas e se adaptando a novos habitats para sobreviver, segundo cientistas das universidades de Bristol e Sheffield, ambas da Grã-Bretanha. De acordo com os pesquisadores, é o primeiro caso documentado de evolução de uma espécie causada pelo aquecimento global.

“Nós comparamos marcadores genéticos do DNA dessas borboletas com diferentes populações de borboletas do Reino Unido e notamos que esses marcadores mostraram diferenças entre grupos da mesma espécie”, afirmou o biólogo James Buckley, do Instituto de Biodiversidade da Universidade de Glasgow, na Escócia, em entrevista ao site de VEJA. “Essas diferenças nesses marcadores indicam que houve mudança evolutiva durante a expansão para o norte. Mas, com esses dados, ainda não conseguimos identificar que genes podem estar sob seleção”, completa.

Esses marcadores genéticos são pontos específicos do DNA das borboletas. Eles são comparados com marcadores que estão na mesma posição no DNA de outros animais, para identificar diferenças genéticas entre elas.

As borboletas, da espécie Brown Argus (Aricia agestis), eram endêmicas na região sul da Grã-Bretanha, mas começaram a ser vistas na parte mais ao norte da ilha, em regiões da Escócia. A pesquisa buscou entender o papel da evolução nessa migração e os resultados foram publicados nesta quarta-feira na versão digital da revista Molecular Ecology.

Segundo os pesquisadores, outras espécies animais estão migrando para o norte, mas, provavelmente, muitas não conseguirão se adaptar à nova moradia. A capacidade evolutiva da Brown Angus impressiona porque a espécie, que voa baixo e se alimenta do pólen de flores, está habitando paisagens diferentes entre si e da região original onde eram encontradas originalmente.

Buckley acrescenta que essas descobertas são importantes pois entender a probabilidade e velocidade de mudanças adaptativas ajuda a determinar a taxa de extinção de espécies com as mudanças climáticas em curso.

Borboleta Brown Angus
Borboleta Brown Angus. A espécie inglesa está evoluíndo e migrando do sul para o norte do país para escapar das mudanças climáticas (Neil Hulme/Butterfly Conservation)

Fonte: Veja Ciência

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