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Estudo com peixe pode revelar como animais evoluíram da água para terra

Membros na região pélvica de espécie africana ajudam a erguer o corpo.
Evolução do caminhar pode ter origem diferente, defendem cientistas.

Cientistas da Universidade de Chigado, nos Estados Unidos, revelaram que um peixe típico de águas africanas pode ser a chave para entender como seres aquáticos deram origem, pouco a pouco, a animais terrestres. Um estudo sobre o tema foi divulgado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” nesta terça-feira (13).

Conhecido como peixe pulmonado africano (Protopterus annectens), o animal foi analisado por meio de vídeos que mostraram como os pequenos membros na região pélvica são responsáveis tanto por erguer o animal como por impulsioná-lo à frente.

Peixes pulmonados são bastante usados em pesquisas em paleontologia por conta dos traços evolucionários únicos que possuem. Eles recebem esse nome por terem uma espécie de bexiga – diferente de um pulmão humano – que consegue fazê-los aproveitar o ar atmosférico para respirar.

Para Heather King, autora principal do estudo, os peixes pulmonados são importantes por poderem ser ligados tanto a peixes comuns como a tetrápodes, animais que andam em quatro patas.

Antes do estudo, os pesquisadores acreditavam que essa capacidade bípede só tinha começado a surgir nos primeiros tetrápodes no passado. Agora, eles afirmam que a evolução do caminhar pode ter começado nos ancestrais do peixe pulmonado africano.

No laboratório, os cientistas criaram um tanque para verificar como os peixinhos usavam seus membros na região pélvica. O movimento deles foi gravado durante horas e em diferentes posições. No final do estudo, King e seus colegas descobriram que o animal usava os membros para emergir e para “disparar” na direção horizontal.

Os membros se mexiam tanto em sincronia – para propulsão – quanto de forma alternada – para erguer. Já os membros localizados mais perto da cabeça do animal também eram parecidos com os posteriores, mas não eram usados para fins de locomoção, segundo os autores.

Eles destacam que observar um descendente vivo se mexer pode dizer mais do que analisar um fóssil, já que muitos dos movimentos não são possíveis de serem estudados com detalhe somente com os restos mortais dos animais extintos.

King acredita que a pesquisa mostra como as primeiras formas de locomoção mais próximas do caminhar humano podem ter surgido ao mesmo tempo nos primeiros terápodes e nos peixes pulmonados primitivos. Ou até antes nos animais aquáticos.

Uma das teorias para a movimentação curiosa do peixe pulmonado africano sustentada por King é a de que o animal inflava a parte da frente do corpo com ar. Isso fazia com que o peixe flutuasse mais e facilitasse o trabalho dos pequenos membros.

Peixe pulmonado africano é estudado em laboratório. (Foto: Yen-Chyi Liu / Universidade de Chicago)
Peixe pulmonado africano é estudado em laboratório. (Foto: Yen-Chyi Liu / Universidade de Chicago)

Fonte: G1, São Paulo

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