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Consórcio diz ter iniciado as obras de Belo Monte no leito do rio Xingu

O consórcio Norte Energia informou nesta terça-feira (17) que deu início às obras no leito do rio Xingu para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

Segundo o consórcio, a obra consiste na construção de uma ensecadeira – pequena barragem provisória, feita com terra e rochas e sem uso de concreto – na margem esquerda do rio, entre a Ilha do Forno e a Ilha Pimental.

A ensecadeira tem 500 metros de extensão, o que equivale a 15% da medida total da barragem definitiva, que terá 6,8 quilômetros. Esta barragem vai permitir que outras obras sejam executadas no leito do rio sem que o fluxo de água seja interrompido.

De acordo com a Norte Energia, a ensecadeira faz parte da primeira etapa de obras no sítio Pimental que vão permitir o acesso de máquinas à área onde será instalada a casa de força suplementar da hidrelétrica de Belo Monte, com capacidade para gerar 233,1 MW. Depois de concluída, a usina de Belo Monte será a segunda maior hidrelétrica do país, atrás somente da binacional Itaipu.

O consórcio informou ainda que as obras no leito do rio Xingu estão de acordo com as determinações da licença de instalação emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Em nota, destaca ainda que já encerrou as negociações para a retirada dos moradores da comunidade de São Pedro, a mais próxima do local. Todas as famílias devem deixar a região até o final deste mês, diz a Norte Energia.

Justiça – Em dezembro do ano passado, a Justiça Federal do Pará revogou uma liminar concedida pela própria instituição em setembro e que determinava a paralisação parcial imediata da obra da Hidrelétrica de Belo Monte.

A liminar que barrava as obras atendia a pedido da Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (Acepoat), cujos integrantes trabalham na região da futura usina, e proibia a Norte Energia de fazer qualquer alteração no leito do Rio Xingu.

De acordo a sentença proferida pelo juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins, , na ocasião, a pesca de peixes ornamentais “não será afetada pois o curso d’água não será alterado e não haverá grande variação na vazão por segundo, sem grandes influências, portanto, no habitat das espécies ornamentais de pesca permitida”.

Ainda segundo o magistrado, os impactos ambientais só serão percebidos quando a construção for concluída, já que os estudos feitos sobre o tema são apenas previsões.

Polêmica – Considerada uma das principais obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, Belo Monte gerou um debate na sociedade brasileira, que demonstrou protestos à construção diversas vezes neste ano.

Em novembro, um grupo de artistas criou um vídeo, com pouco mais de cinco minutos, que apontava motivos para a extinção do projeto. A peça é parte da campanha “Movimento Gota d´água”, que conta ainda com um abaixo-assinado que seria entregue à presidente Dilma Rousseff.

Outra manifestação é o documentário “Belo Monte, anúncio de uma guerra”, idealizado e produzido por André D’Elia, que há dois anos visita a região de floresta amazônica para a realização de entrevistas com moradores de cidades próximas ao canteiro de obras da usina, como Altamira e Vitória do Xingu. O vídeo está previsto para ser lançado inicialmente na internet em meados de março, mas com planos de exibição nos cinemas.

Fonte: G1

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