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Árvores estocam mais dióxido de carbono que se pensava

Cientistas americanos afirmam que métodos usados até agora não são precisos e prejudicam o combate ao aquecimento global

Florestas tropicais como a Amazônia brasileira armazenam 21% mais dióxido de carbono (CO2) do que cientistas acreditavam até agora, segundo o mais completo estudo sobre o tema já realizado. Dados confiáveis sobre emissões e sequestro do CO2 da atmosfera são indispensáveis para que os países possam estimar os danos e planejar ações para revertê-los, de acordo com os autores da pesquisa, que foi publicada na revista Nature Climate Change.

Imagens e medições via satélite e um extenso trabalho de campo foram os instrumentos usados para mapear o dióxido de carbono presente nas florestas tropicais de países da América do Sul, África e Ásia. Essas florestas recolhem o CO2 no processo de fotossíntese pelo qual as plantas produzem alimento. Mas o gás fica estocado nos vegetais e é liberado com sua queima ou corte.

Nos países que ficam entre os trópicos, o desmatamento é um dos principais emissores de gases que formam o efeito estufa. No mundo inteiro, a prática contribui com até 17% das emissões de CO2. E o Brasil e a Indonésia são os países que têm mais dióxido de carbono estocado em suas florestas tropicais, com 35% do total. São também os países que mais liberam o gás na atmosfera por meio do desmatamento.

Segundo a pesquisa, os modelos atuais de detecção de CO2 , que não levam em conta a capacidade das árvores de armazenarem mais dióxido de carbono do que se pensava, superestimam as emissões em até 12%; o que pode ser um número considerável para países que precisam prestar contas à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC na sigla em inglês). E será mais importante ainda quando da adoção do programa REDD+, que prevê apoio técnico e financeiro para que países combatam o aquecimento global por meio da redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, como o CO2.

“É a primeira vez que somos capazes de entregar uma estimativa precisa sobre a densidade do CO2 nos locais onde ele nunca foi mensurado antes”, afirmou Alessandro Baccini, cientista do Centro de Pesquisa Woods Hole, que realizou o levantamento junto com as universidades de Boston e de Maryland, todas instituições americanas.

Os estudos anteriores não são precisos, segundo o levantamento, porque calculam o volume de dióxido de carbono de cada região baseado na biomassa média das florestas. Já o novo modelo combinou as informações fornecidas por satélites com pesquisas de campo que definiram a densidade de biomassa em cada floresta. “E as florestas que acumulam mais carbono podem valer mais em programas como o REDD+”, afirma o pesquisador Richard Houghton, que também participou da pesquisa.

 

Vista aérea da floresta amazônica
Vista aérea da floresta amazônica: árvores podem armazenar mais dióxido de carbono do que se pensava (Alex Almeida/Folhapress)

Fonte:  Veja Ciência

 

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