IPEVS

Programa vai controlar espécies invasoras para garantir a biodiversidade no Paraná

No Dia Mundial da Biodiversidade, comemorado nesta sexta-feira (22), o Paraná passa a ser o primeiro Estado brasileiro a desenvolver um programa para controle e erradicação de espécies exóticas invasoras, o que vai proteger a biodiversidade nativa. “Estas espécies exóticas dominam o espaço das nativas, diminuindo a multiplicidade da flora e também da fauna”, explicou o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, que lançou o programa nesta sexta-feira (22) em Curitiba.

A iniciativa englobará todas as ações pioneiras que o Paraná vem executando desde 2005, relacionadas à prevenção, controle, monitoramento, capacitação técnica, informação, bases legais e políticas públicas sobre espécies exóticas. Espécies exóticas invasoras são aquelas que não são típicas de um ecossistema e sua presença ameaça a sobrevivência da vegetação nativa – podendo até mesmo causar a extinção das espécies locais.

O secretário Rasca Rodrigues lembrou que o Paraná foi o primeiro Estado brasileiro a regulamentar a retirada destas espécies. “O trabalho começou em 2005, com a portaria 192 do IAP, que permite a extração das espécies exóticas de Unidades de Conservação”, comentou. Além disso, o Paraná foi o primeiro Estado brasileiro a publicar uma lista com 57 espécies de plantas e 26 de animais considerados exóticos aos ecossistemas paranaenses. A portaria número 95, que reconhece oficialmente a lista, também aponta os tipos de plantios comerciais de espécies exóticas que devem adotar medidas preventivas de controle para que não se transformem em vegetação invasora.

“Hoje estas iniciativas são referência em toda América Latina”, salientou o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko. Durante o lançamento, o IAP distribuiu uma publicação com a lista atualizada das espécies exóticas invasoras para o Paraná. “Muitas pessoas não fazem idéia do quanto as espécies exóticas comprometem a biodiversidade no Paraná. O papel do Ibama neste processo é reforçar e apoiar o IAP e a Secretaria de Meio Ambiente nesta iniciativa”, disse o superintendente do Ibama, José Álvaro Carneiro.

MONITORAMENTO – Segundo a coordenadora do Programa de Espécies Invasoras para a América do Sul da organização não-governamental “The Nature Conservancy” e fundadora do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, engenheira florestal Silvia Ziller, o Paraná é o Estado mais avançado da América Latina na erradicação de espécies exóticas invasoras.

“Sem sombra de dúvida o Paraná é hoje o Estado brasileiro mais avançado em termos legais e no estabelecimento de procedimentos técnicos para a erradicação de espécies invasoras. Além disso, estamos orientando os Estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul a adotarem medidas semelhantes com base no Programa paranaense”, disse Sílvia Ziller.

EXEMPLOS DE SUCESSO –Especialistas do mundo todo têm visitado o Parque Estadual de Vila Velha para conhecer a ação pioneira do IAP na erradicação de pinus – espécie exótica que ameaça as características naturais da área. Em 70 dias de trabalho, foram retiradas quase 500 mil árvores por meio da parceria, inédita no País, entre o órgão ambiental e a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal do Paraná.

O objetivo da erradicação é devolver aos parques suas características naturais. “Queremos que a natureza seja o mais próxima possível do que era quando o parque foi criado, quando a vegetação predominante era o campo”, afirma o presidente do IAP, Vitor Hugo Burko, explicando que a ação inclui a orientação dos produtores rurais da região e o monitoramento contínuo para evitar novas contaminações.

O Parque Estadual do Monge –no município da Lapa – está fechado desde o dia 30 de março deste ano, para revitalização e remoção das espécies exóticas florestais que estão ameaçando a vegetação nativa do local. O IAP vai arrecadar cerca de R$ 3,5 milhões com a venda da madeira extraída do parque e os recursos serão investidos na revitalização da área.

O diretor do departamento de Meio Ambiente da companhia energética Duke Energy, Wagner Vicente Felix Ferreira, destacou que há dois anos a empresa vem realizando um trabalho de erradicação de espécies exóticas, em parceria com IAP, no Parque Estadual do Cerrado. “Identificamos a espécie exótica que estava prejudicando a vegetação nativa do Parque. Numa segunda etapa iniciamos a erradicação da espécie do capim braquiana, que inibe o nascimento da vegetação nativa, ameaçando o equilíbrio e a biodiversidade”, explicou Wagner.

NOVIDADE – Uma parceria entre o IAP, Ibama e uma multinacional norueguesa resultará no maior programa de erradicação de espécies exóticas do Brasil em área de Mata Atlântica. Com orientação e apoio dos órgãos ambientais, a empresa irá recuperar uma área de 1.300 hectares de Mata Atlântica na Serra do Mar, no Litoral do Paraná.

O projeto Serra Nativa é desenvolvido em uma propriedade denominada Fazenda Arraial, localizada no município de Morretes. A Fazenda Arraial integra uma Área de Preservação Permanente e faz divisa com a Área de Preservação Ambiental de Guaratuba, o Parque Estadual do Marumbi e o Parque Estadual do Pau Oco. A segunda fase do projeto, que inclui o monitoramento da área, para evitar que as exóticas se reconstituam, terá seis anos de duração.

O diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP, João Batista Campos – que coordena todo o trabalho do Instituto voltado a espécies invasoras no Paraná – antecipou que o próximo passo do programa, depois de lançado, é proporcionar o avanço em todas as regionais do IAP e subsídios para que possa ser utilizado como instrumento de trabalho eficaz.

Além disso, acrescentou que todas as ações já realizadas irão compor o Programa Estadual de Erradicação de Espécies Exóticas. “Estamos elaborando um plano de ação de abrangência estadual, e o reconhecimento das atividades já desenvolvidas mostra que estamos no caminho certo. São várias frentes de ação, modelo para o Brasil, e todas estas estratégias farão parte do Programa Estadual para controle de espécies exóticas invasoras”, finalizou João Batista.

Deixe um comentário