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Parceria vai analisar se bioquerosene de cana-de-açúcar é menos poluente

Combustível aviônico feito com produto reduziria emissão de CO2 em 80%.
Estudo de impacto será financiado pelo BID, Embraer e Boeing.

Parceria firmada entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com duas das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, a brasileira Embraer e a norte-americana Boeing, vai financiar pesquisa que avaliará o impacto de se desenvolver um combustível aviônico à base de cana-de-açúcar. O acordo foi divulgado nesta terça-feira (26).

A promessa é que o abastecimento de aeronaves a partir do bioquerosene, gerado a partir de moléculas de cana-de-açúcar e outros componentes, poderá reduzir em 80% as emissões de carbono na atmosfera. Tal fato contribuiria com o plano de ação das grandes companhias e entidades que comandam o tráfego aéreo mundial em diminuir em 50% a emissão de gases de efeito estufa até 2050.

Segundo Arnaldo Vieira de Carvalho, especialista de energia do BID e líder da iniciativa de biocombustíveis para aviação, o estudo será feito pela empresa Icone, especializada em trabalhos de análise com produtos provenientes da cana-de-açúcar, como o etanol brasileiro.

“Antes da realização de voos com este produto, temos que confirmar se o impacto da emissão de carbono será mesmo menor. Se isto for comprovado, vamos avaliar os aspectos de produção. Teremos que saber como fabricar o bioquerosene sem grandes impactos e ainda como desenvolver a plantação da matéria-prima por toda a América Latina, sem provocar o desmatamento de áreas nativas para o plantio desta cultura”, disse Carvalho ao Globo Natureza.

Aeronave Embraer 190 adquirida pela companhia Azul Linhas Aéreas. Modelo vai realizar voo com combustível alternativo em breve. (Foto: Divulgação/Embraer)
Aeronave Embraer 190 adquirida pela companhia Azul Linhas Aéreas. Modelo vai realizar voo com combustível alternativo feito com cana-de-açúcar no primeiro semestre de 2012. (Foto: Divulgação/Embraer)

América Latina
De acordo com ele, desenvolver o plantio de cana pelos países latino-americanos é importante, pois o combustível “menos poluente” terá que ser produzido em larga escala caso as companhias aéreas optem por utilizá-lo.

“O estudo vai definir ainda como expandir este mercado sem ocorrer barreiras comerciais. Pelo que percebemos, o desenvolvimento deste tipo de bioquerosene é iminente e temos boas expectativas quanto a isso”, afirmou o representante do BID.

No Brasil, pesquisas com combustível feito a partir da cana-de-açúcar é fomentado pelaEmbraer desde 2005, em parceria com a empresa Amyris, dos Estados Unidos. A companhia norte-americana mantém uma filial em Campinas, no interior de São Paulo, com laboratórios. A Boeing também investe em pesquisas no setor.

Planos
Em encontro realizado nesta semana no Rio de Janeiro, que reuniu empresas aéreas para o debate da sustentabilidade, colocou como prioridade sustentável no setor mundial de aviação a redução das emissões de CO2 em 50% até 2050.

Segundo Guilherme de Almeida Freire, diretor de estratégia e tecnologia para o Meio Ambiente da Embraer, de São José dos Campos (SP), o compromisso de cumprir esta meta foi firmado pela companhia brasileira e também por outras fabricantes como Boeing, Bombardier, Airbus e entidades de tráfego aéreo.

“As empresas têm pensado em uma cesta de soluções que não ficam apenas no desenvolvimento de combustíveis alternativos. São grandes investimentos para melhorar o desempenho dos aviões, dos aeroportos e do tráfego aéreo. São investimentos em soluções ambientalmente sustentáveis”, disse Freire.

Fonte: Eduardo Carvalho, Globo Natureza, em São Paulo.

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