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País terá norma para alternativa à experimentação animal

Foto: Mater Natura
O Brasil terá o primeiro centro da América do Sul preparado para desenvolver métodos alternativos para validação de pesquisas que não usam animais em fase de teste. A unidade foi criada a partir de um acordo de cooperação assinado no dia 13 de setembro, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A proposta, segundo a vice-diretora de Pesquisa e Ensino do INCQS, Isabela Delgado, é que, com a nova unidade, que se chamará Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam), seja possível desenvolver metodologias que permitam à agência chancelar os produtos de uma forma diferente, substituindo totalmente, ou reduzindo, o número de animais utilizados em testes sobre a qualidade de vacinas, por exemplo.

“Existe, no Brasil, o processo de desenvolvimento de tecnologias, os grupos que estudam alternativas e a aceitação regulatória desses métodos. O centro vem preencher essa lacuna. De maneira organizada, vamos trabalhar os dados e organizar grupos de pesquisas para que novas metodologias sejam fomentadas e passem a ser métodos oficiais”, explicou a pesquisadora.

Pelo documento assinado, fica garantida apenas a criação do Bracvam, mas não há qualquer previsão de orçamento inicial, o que impede uma estimativa sobre os primeiros resultados das pesquisas. Ainda assim, Isabela Delgado disse que alguns órgãos já sinalizaram apoio ao funcionamento do centro, com recursos financeiros, entre eles o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

Cerca de R$ 700 mil que devem ser investidos pelo órgão de fomento à pesquisa e podem garantir o início dos trabalhos do Bracvam, que será a validação de metodologias que já foram reconhecidas em países da Europa e pelos Estados Unidos. “O processo de validação é caro e demorado. Vamos incorporar essas metodologias por meio de um processo que a gente chama de validação por captura. Vamos avaliar o que já foi validado lá fora e incorporar. Existem situações em que temos as particularidades brasileiras, como controle de qualidade de produtos biológicos, tais como o soro antiofídico. São espécies de serpentes que só existem no Brasil. A gente vai precisar desenvolver metodologias e validar essas metodologias no contexto nacional, que também é uma atribuição do centro, mas a médio prazo”, explicou Isabela Delgado.

Segundo Maria Cecília Brito, uma das diretoras da Anvisa, não será possível abolir totalmente os testes com animas. “Em algumas situações é impossível, mas vamos reduzir a quantidade.” Brito acredita que o prazo de um ano pode ser suficiente para os primeiros resultados, provavelmente envolvendo cosméticos. “Vários usuários de cosméticos no mundo já não querem produtos testados em animais.”

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Por outro lado, o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) está iniciando o registro das instituições que criam ou utilizam animais com finalidade de ensino e pesquisa científica. O procedimento deve ser feito no Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais (Ciuca). O Ciuca cadastrará também até o fim do ano os protocolos experimentais ou pedagógicos em andamento no país. O Concea pretende cadastrar o maior número possível de instituições nacionais. O Concea é um órgão integrante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e constitui uma instância colegiada multidisciplinar de caráter normativo, consultivo, deliberativo e recursal.

De acordo com o MCTI, a utilização de animais para fins de ensino e pesquisa é uma das bases para o desenvolvimento de tratamentos a serem utilizados em humanos, como a elaboração de fármacos, métodos cirúrgicos, vacinas e terapias. Com o objetivo de credenciar as instituições que desenvolvem essas atividades, além de administrar o cadastro de projetos experimentais ou pedagógicos, foi criado o Concea. Composto por 28 representantes (entre titulares e suplentes) de ministérios, da comunidade científica e de sociedades protetoras dos animais o Concea estabelece normas, monitora e avalia técnicas alternativas e testes experimentais.

Para o credenciamento é indispensável que a instituição constitua uma Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), formada por pesquisadores, docentes, veterinários e representantes de sociedades protetoras dos animais.

Após o cadastro no Ciuca, será realizado, até o fim de 2011, o credenciamento, que constitui um registro mais detalhado das instituições e projetos. O credenciamento será avaliado pelos titulares do Conselho para emissão de um certificado de desenvolvimento de experimentos. Qualquer instituição que crie ou utilize animais para ensino e pesquisa no país deve requerer credenciamento ao Concea.

 

Fonte: Mater Natura

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