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Peixe-boi fêmea vai ajudar os machos na adaptação a ambiente natural no Amazonas

A reintrodução a ambiente natural dos três peixes-bois que estavam em cativeiro (tanque de vidro) no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) realizada na manhã de quinta-feira (27) foi bem sucedida.

A fêmea Iranduba, que estava no cativeiro há apenas um ano, se adaptou rapidamente à nova casa. Os machos Paricatuba e Matupá, que chegaram filhotes ao cativeiro e habitavam o local havia sete anos, optaram por circular nas bordas do lago.

“Ela foi logo explorando o ambiente todo. Já os machos, quando foram soltos, ficaram mais nas beiras. A gente espera que eles imitem o comportamento da fêmea”, disse Vera Silva, pesquisadora do Inpa e conselheira da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa).

Conforme Vera, que também é chefe do Laboratório dos Mamíferos Aquáticos (LMA) do Inpa, Iranduba será a responsável por ajudar os machos a se adaptar ao local.

“Ela veio para o cativeiro com sete anos, após ficar encalhada em uma área durante a seca. Já tinha experiência em ambiente natural. Os machos ficaram mais tempo no cativeiro”, disse Vera.

A reintrodução dos peixes-bois a um lago localizado no município de Manacapuru é a primeira experiência do Inpa do gênero com animais que estavam em cativeiro.

Espécie que faz parte da lista de extinção, o peixe-boi tem sido uma das maiores vítimas da caça predatória na bacia amazônica. A maioria dos animais resgatados é órfã – geralmente a mãe é abatida por pescadores.

Dois anos atrás, o Inpa realizou uma experiência de reintrodução de animais de cativeiro direto na natureza que não deu muito certo. Dois deles morreram, um ficou doente e outro desapareceu do trabalho de monitoramento.

Temporada – Os três peixes-bois vão ser acompanhados por um biólogo da Ampa, Diogo Souza, e outros dois tratadores, durante um ano, segundo o veterinário da Ampa, Anselmo D´Fonseca.

Neste período, os animais passarão por avaliação clínica periódica. O acesso a eles será facilitado pelo fato da nova casa ser um lago localizado em um antigo criadouro de peixe que havia sido desativado – a área de circulação dos animais tem três hectares. O protótipo de um cinto foi instalado na região da nadadeira dos peixes-bois.

Para ajudar na adaptação e sobrevivência dos animais, moradores e ribeirinhos de comunidades próximo ao lago receberam informações sobre o programa de reintrodução dos peixes-bois no semi-cativeiro.

Os cientistas esperam que os moradores se sensibilizem e se conscientizem acerca dos riscos do animal. “A gente espera envolvê-los neste programa”, disse ele.

Segundo Vera Silva, a opção pelo semicativeiro ocorreu porque trata-se de uma área natural cerca na qual o animal vai se familiarizar com o ambiente.

“A gente espera que ele se adapte ao movimento e a cor da água e com a correnteza também. Eles precisam ter esse conhecimento do ciclo hidrológico antes de serem enviados para a segunda etapa”, disse.

Fonte: A Crítica/ AM

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