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Mães influenciam na vida sexual de macacos machos, sugere estudo

Muriqui-do-norte é uma espécie nativa da Mata Atlântica.
Objetivo é evitar que animal cruze com parentes.

Muriqui-do-norte (Foto: Reprodução/TV Globo)
Muriqui-do-norte (Foto: Reprodução/TV Globo)

O muriqui-do-norte, um macaco nativo da Mata Atlântica e ameaçado de extinção, tem hábitos de vida bem diferente de outros grupos de primatas. Uma pesquisa publicada pela Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) sugere mais peculiaridade: as mães podem ter influência sobre a vida sexual dos filhos.

A sociedade dos muriquis-do-norte pode ser considerada utópica se comparada à de outras espécies, como babuínos e gorilas. Não existe um “macho alfa”, um animal que se impõe sobre os demais. Não há hierarquia entre os machos e a violência entre eles é uma cena muito rara.

Esse comportamento que os cientistas já conheciam ganhou mais uma confirmação, com dados genéticos. Os pesquisadores fizeram testes de DNA entre os indivíduos de um grupo para descobrir a paternidade dos macacos – esses animais são polígamos – e descobriram que a grande maioria dos machos consegue ter filhos.

O macho que teve mais filhos é pai de 18% da prole, número considerado baixo, que confirma que essa sociedade é igualitária. Nas espécies em que existe hierarquia, essa taxa pode chegar a 85%. Os dados foram obtidos em macacos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala, no município de Caratinga, no leste de Minas Gerais, a 295 km de Belo Horizonte.

“O resultado que nós temos agora é uma confirmação inédita de que a nossa expectativa sobre o comportamento [do muriqui-do-norte] estava certa”, afirma Karen Strier, pesquisadora da Universidade de Wisconsin, nos EUA, responsável pelo estudo.

A influência da mãe
São também esses dados que levam à hipótese de que as mães têm participação na vida sexual dos filhos. O muriqui-do-norte macho passa a vida inteira no grupo em que nasceu. Já a fêmea, geralmente migra ainda jovem e se junta a outro bando, onde passa a viver.

Ainda assim, haveria o risco de que macacos com parentesco próximo se acasalassem, o que comprometeria o número de filhos de um macho. Como, em geral, os machos obtêm sucesso e conseguem ter filhos, os pesquisadores acreditam que haja influência da mãe. Segundo sugere o estudo, é ela quem indica a fêmea com quem o filho deve se relacionar, eliminando da lista as que possam ter algum parentesco.

 

Fonte: Tadeu Meniconi, G1, São Paulo

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