Amostras de fezes dos animais serão analisadas para rastrear movimentos de cada tigre
Cientistas do Projeto Genoma do Tigre no Nepal (NTGP, na sigla em inglês) vão criar o mapa detalhado do DNA da população de cerca de 150 tigres que habitam as quatro reservas de vida silvestre no sul do país. Os pesquizadores querem fazer a contagem de animais e com isto criar estratégias para a proteção da espécie.
De acordo com um biólogo do projeto, Dibesh Karmacharya, as amostras de fezes dos animais serão analisadas para rastrear os movimentos de cada tigre e conhecer detalhes de sua árvore genealógica, dados que devem promover melhores políticas de conservação.
Os pesquisadores do NTGP esperam contabilizar o número de tigres que vivem no Parque Nacional de Chitwan, a maior reserva destes animais no país, e detectar com precisão padrões de movimentos dos felinos nos outros três parques nacionais.
“O rastro de DNA irá nos ajudar a conhecer o tipo de intervenções necessárias para proteger seu habitat e as estratégias que devemos aplicar na luta contra sua caça ilegal”, disse Karmacharya, que trabalha no Centro de Dinâmica Molecular do Nepal.
Uma das dificuldades que os ambientalistas enfrentam é a falta de um número exato de tigres, pois os cálculos das autoridades variam ano a ano, o que se deve em parte ao uso de técnicas defeituosas na hora de contabilizá-los.
Recentemente, a contagem era feita através de imagens feitas por câmeras colocadas no habitat dos tigres, mas “agora, através da análise de DNA”, segundo Karmacharya, os cientistas vão evitar “contar duas vezes o mesmo animal”.
Os sedimentos coletados permitirão o estudo do DNA graças a análises de uma célula do intestino grosso que o mamífero elimina em suas fezes.
“A compilação desses dados genéticos vai ajudar a determinar a ‘saúde genética’ da população de tigres do Nepal”, explicou Karmacharya, que explicou ainda que as espécies em extinção frequentemente enfrentam problemas de endogamia em massa.
Com esses dados à mão, os pesquisadores poderão sugerir ao governo que proteja os corredores naturais entre os parques para que os tigres possam acasalar com membros de outras “famílias”.
Outro grande perigo para a espécie mais ameaçada do mundo é sua caça ilegal, e os dados genéticos também poderão ajudar neste sentido.
“Se forem encontradas partes do animal abatido, como pele ou ossos, poderemos comparar o material genético com os da nossa base de dados e averiguar onde o tigre foi morto para combater a caça ilegal com mais eficácia”, acrescentou Karmacharya.
Como explicou recentemente à Agência Efe o conservacionista Prasanna Yonzon, o Nepal é um dos centros mais importantes de comércio ilegal de animais selvagens, “porque a China é o maior destino de tigres mortos e o Sul da Ásia seu maior fornecedor”.

Fonte: EFE