A maioria desses animais com risco de desaparecer tem seu habitat em regiões de Mata Atlântica e em estados litorâneos, onde a ação do homem, principalmente com o crescimento das construções imobiliárias, interfere no ciclo natural das espécies.
Segundo Lícia Leone Couto, bióloga do IBGE, a extinção dos animais está ligada à atividade humana. “A principal causa de extinção é a destruição do habitat das espécies e isso ocorre prioritariamente pela ação do homem. Por isso, o mapa aponta maior risco de extinção de animais que têm maior ocorrência em cidades costeiras, que têm grande atividade de construções imobiliárias”, explicou. A bióloga destacou como fatores que aceleram o processo de extinção da fauna marinha: a destruição de habitats naturais, a poluição das águas, a explotação (a sobrepesca), a pesca esportiva e o comércio de peixes ornamentais.
De acordo com o mapa, os cinco estados em que o risco de extinção dessas espécies é maior são: São Paulo, onde existem 86 espécies e subespécies ameaçadas; Rio de Janeiro, com 76; Rio Grande do Sul, que tem 55; Bahia, com 51; e Paraná, com 43.
O mapa de invertebrados aquáticos, assim como os outros três mapas já produzidos pelo IBGE, foram desenvolvidos com base na “Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção”, publicada em 2004 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Para o coordenador de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE, Celso José Monteiro Filho, o documento ajuda a alertar a população sobre o real risco que as espécies correm e a orientar políticas públicas.
“Quando os dados são organizados espacialmente em um mapa, é possível observar a real situação da conservação das espécies da fauna brasileira e, com isso, nortear ações públicas de preservação, como a criação de novas unidades de conservação (UC), além de disponibilizar material rico a estudantes e pesquisadores da área”, ressaltou.
Uma estratégia para reverter o risco de extinção destas espécies é a criação de UC marinhas. A delimitação de áreas onde a pesca é proibida, tem inclusive permitido uma recuperação da atividade pesqueira, a partir da exportação de peixes das áreas protegidas para áreas onde a pesca é permitida. Os países signatários da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) assumiram o compromisso de elevar para 4%, até 2010, o total de áreas protegidas como um todo. Isso representa um grande desafio nas áreas costeiras e marinhas, pois atualmente o total de áreas protegidas nesses ambientes é muito pequena.
Segundo a bióloga Mônica Brick Peres, do Instituto Chico Mendes, a lista de animais ameaçados de extinção está crescendo mais acentuadamente por causa das espécies aquáticas. “Existem cerca de 30 mil espécies de vertebrados aquáticos no mundo, e só 4% já foi pesquisado. Dessa quantia, 39% correm risco de desaparecer”, segunda a bióloga, o que representa o maior potencial de extinção entre os animais: nos anfíbios pesquisados esse índice é de 31%; entre os répteis, 30%, mamíferos, 22% e aves, 12%.
Apresentado na escala de 1:5.000.000, o mapa “Fauna Ameaçada de Extinção: Invertebrados Aquáticos e Peixes – 2009” pode ser adquirido por R$ 15,00 nas livrarias do IBGE em todo o país e também na loja virtual do instituto, pelo site www.ibge.gov.br, onde é possível ainda acessar e baixar o mapa gratuitamente, tanto por meio do link “Mapas”, na seção “Canais”, como na área destinada a “Geociências”.