IPEVS

Brasil é líder em espécies de formigas, revela pesquisadora do Instituto Biológico

Assunto foi discutido na 7ª Conferência Internacional sobre Pragas Urbanas (ICUP2011) no Brasil, a primeira realizada na América Latina.

Por possuir a maior diversidade de flora e fauna do planeta, o Brasil possui, também, uma grande diversidade de animais sinantrópicos que podem ser considerados pragas urbanas, até então desconhecidas do grande público. A pesquisadora científica do Instituto Biológico (IB) de São Paulo, Ana Eugenia de Carvalho Campos, chama a atenção para o número de espécies de formigas nas cidades do País, hoje campeão em espécies desses insetos que se proliferam com muita freqüência em hospitais e contribuem para infestar as cidades. Ela faz um alerta sobre os riscos que as formigas representam nas cidades.

 

Segundo a pesquisadora, em um único hospital brasileiro, cujo nome é mantido em sigilo, foram encontradas 23 espécies de formigas, número bem acima de uma média de duas ou três espécies encontradas em hospitais de cidades de países de clima temperado, como o Chile.

 

Para Ana Eugenia, as formigas que residem nos hospitais representam um problema que deve ser encarado com seriedade, uma vez que servem como vetores mecânicos de bactérias e fungos patogênicos ao homem.

 

“Bactérias em hospitais, muitas vezes, podem se apresentar resistentes aos antibióticos. As formigas, dessa forma, podem ser disseminadoras de resistência nos diferentes setores do hospital, contribuindo para a infecção hospitalar”, disse a especialista. Ela lembra, entretanto, que as formigas são consideradas positivas aos ecossistemas, pois incorporam nutrientes ao solo e são predadoras de outras espécies, assim contribuindo para o equilíbrio dos ecossistemas.

 

Existem outras espécies de formigas que liberam veneno no momento de picadas e outras espécies provocam danos a equipamentos eletrônicos, segundo a pesquisadora.

 

Além de formigas, existem outras pragas urbanas, como baratas, cupins e roedores (ratazanas, ratos de telhado e camundongos) que se propagam em vários países, principalmente no Brasil, onde o clima é “adequado” à proliferação de insetos. Essa não é uma exclusividade brasileira. Existe também forte propagação de pragas em países próximos à linha do Equador, que também possuem biodiversidade alta.

 

“Enfrentamos problemas graves com pragas exóticas, como o cupim subterrâneo Coptotermes gestroi, os roedores na quase totalidade das cidades brasileiras, o mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti), assim como as baratas”, complementa Ana Eugenia.

 

Evento no Brasil – A pesquisadora organizou a 7ª Conferência Internacional sobre Pragas Urbanas (ICUP2011), realizada na primeira semana de agosto, em Ouro Preto (MG). Essa foi a primeira vez em que o evento itinerante, que ocorre cada triênio, aconteceu na América Latina. Para Ana Eugenia, essa foi “uma grande oportunidade” para o Brasil demonstrar suas pesquisas e as medidas de controle de pragas e vetores urbanos. “O País tem se destacado em trabalhos de pesquisa com pragas urbanas por suas publicações, mas os pesquisadores brasileiros não estavam freqüentando a Conferência”, disse.

 

No evento, cientistas e alunos apresentaram estudos e pesquisas sobre formigas urbanas, cupins, brocas, moscas e mosquitos, manejo integrado de pragas, percevejos de cama, roedores, morcegos e aranhas, além de painéis de discussão sobre a legislação mundial (referente aos pesticidas). Foram apresentados também dados sobre pragas de importância médica, de percevejos de cama, o futuro da pesquisa em pragas urbanas e técnicas alternativas de controle de pragas de cidades.

 

Segundo entende a pesquisadora, a ciência que estuda os insetos na região urbana, chamada de Entomologia urbana, cresceu bastante na última década por intermédio de institutos de pesquisas e universidades, aliada à Entomologia médica, a ciência mais antiga.

 

Combate às pragas – Para Ana Eugenia, existe um conjunto de medidas capazes de minimizar o problema de pragas em geral. Dentre elas, está as formas de manejo ou a preocupação com a limpeza do ambiente urbano e com vazamentos de água para evitar umidade, onde pragas instalam seus ninhos. Os inseticidas, porém, permanecem sendo uma das principais ferramentas utilizadas no controle de pragas urbanas.

 

A população de pragas urbanas, segundo a pesquisadora, reflete o crescimento desorganizado de cidades e a introdução de espécies invasoras associada ao comércio, o que faz com que algumas espécies, adaptadas ao ambiente urbano, ocupem o ambiente, deslocando espécies nativas, diminuindo radicalmente a diversidade de espécies de outros insetos e artrópodes e ocasionando danos severos ao homem e suas estruturas.

 

Fonte: Viviane Monteiro – Jornal da Ciência

Deixe um comentário